Introdução - Até ao dia da partida

NORDKAPP 2010

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VIAGEM À TERRA DO SOL DA MEIA-NOITE



Filipe Matos Lage/Andreia Lage – Honda ST1300 Pan-European
João Dias/ Carla Taborda – BMW R1200 GS Adventure

Total de Quilómetros - 11.835
Litros de Gasolina Gastos - +/- 770
Países visitados - Espanha-França-Belgica-Holanda-Luxemburgo-Alemanha-Dinamarca-Suécia-Finlandia-Noruega



Pontos altos:

- O Cabo Norte e a passagem do Circulo Polar Árctico, por tudo o que representa para mim como viajante de moto
- As Ilhas Lofoten e o Sol da Meia-Noite, pela sua beleza ímpar
- Os Glaciares, pela sua grandiosidade e beleza
- As estradas da Noruega, principalmente as National Touriste Routes, por todo o prazer que me deram a conduzir a minha mota e pelas paisagens deslumbrantes que me desvendaram.


Pontos menos altos:

- As intempéries com que fomos brindados em algumas etapas.


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Até ao dia da partida...

Quando em 2006, numa noite de Verão, selei com o meu Amigo André o compromisso de no ano a seguir fazer uma grande viagem de moto, estava longe de imaginar as viagens que viria a fazer até hoje.

Ficou decidido na altura que o destino seria a Croácia, tudo assente num desconhecimento total deste mundo e de muita saudável irresponsabilidade.

Percebi pouco depois que tinha que trocar a minha VFR por algo mais adequado à viagem de 7.000 Kms que ia fazer. Em Fevereiro de 2007 e sem procurar muito, comprei a minha Tixa. Uma Honda ST1300 Pan-European de 2002, que logo nos primeiros passeios me demonstrou que tinha sido uma escolha acertada. Estava formada a tripla para muitos e muitos quilómetros de prazer: Eu+Andreia+Tixa. E que bem que nos temos entendido desde então!

Assim em 2007 rumamos aos Balcãs na companhia de dois Amigos de Guimarães, o André e o Tiago, em 2008 fomos até à Sardenha e Itália só os três, o ano passado uma incursão a Marrocos com 17 desconhecidos em que regressamos todos Amigos. Mas havia uma viagem que estava guardada na gaveta, desde os primeiros tempos que comecei a ler crónicas nos fóruns, a visitar sites de grandes viajantes.

Uma viagem ao Cabo Norte, terra do sol da meia-noite, o destino mais a norte da Europa possível de alcançar de moto.

Durante estes anos fui reunindo informação, traçando possíveis itinerários, buscando pontes de interesse, lendo guias de viagens. O itinerário foi-se formando aos poucos e eu entretanto já estava a viajar!

Durante a viagem a Marrocos do ano passado, além das grandes amizades que tive o privilégio de ganhar, tive também o prazer de conhecer e conviver com dois dos maiores Moto-Turistas portugueses de todos os tempos, Pierre e Elisa Sousa Lima. Sempre que o assunto Noruega vinha à baila, o entusiasmo deles era tanto, as descrições eram tão fantásticas, que o bichinho despertou de novo.

No fim do Verão, e depois de mais uma incursão aos comandos da Pan por terras de “nuestros hermanos” e de um fim-de-semana de convívio com o grupo de Marrocos, decidi-me: 2010 seria o ano da Viagem ao Cabo Norte.

Pouco depois, tivemos a visita em Guimarães do João e da Carla que havíamos conhecido na viagem a Marrocos, para um fim-de-semana de moto-rali. Mas na primeira noite a conversa e o whisky fluiu de tal maneira, que acabamos por não fazer o moto-rali e ficamos na treta toda a noite. Foi entre a meia-noite e as 7 da manhã que lhes lancei o desafio: “querem ir ao Cabo Norte no próximo ano?”. O João ficou imediatamente com a pulga atrás da orelha, a Carla mais renitente, mas ficou combinado que assim que pudesse lhes enviava alguns dados da viagem e estimativas de custos (a esta hora devem-me chamar de burlão). Assim fiz, e passado alguns dias tinha a esperada resposta via telemóvel: “Contem connosco”!

Mãos à obra! Resgatei aquela pasta com o nome CN que estava escondida no meu computador e comecei a viajar de novo. O objectivo principal era chegar ao Cabo Norte, mas fazer tantos quilómetros só para isso, sabia-me a pouco. Precisava de 21/23 dias para conhecer o que queria e precisava também de reunir alguns euros para viajar como gosto. Dormir em hotéis é condição indiscutível, e quanto mais para norte mais esse capricho nos sai do bolso. Os euros e os dias felizmente apareceram logo a viagem iria mesmo realizar-se.

Fomos discutindo itinerários, e decidimos que os objectivos eram: chegar à Escandinávia o mais rápido possível, abstraindo-nos completamente dos países e sítios na Europa Central que clamavam por uma visita mais demorada, visitar todas as capitais nórdicas, subir ao Cabo Norte e guardar a maior parte dos dias para descer e apreciar calmamente a Noruega!

Podemos dizer agora que foi uma escolha acertadíssima!

Durante os 5 meses que antecederam a partida trocamos dezenas de mails, encontramo-nos pessoalmente várias vezes, tivemos a má notícia que a Carla não conseguiria os dias de férias necessários para a totalidade da viagem, marcamos alguns ferries, reservamos todos os hotéis, pusemos um blogue online para ir dando conta das novidades aos amigos interessados, fizemos autocolantes e roupa alusivos à viagem, compramos mais uns gadgets para as nossas montadas e para nós e finalmente chegou o dia da partida!