05/06/2010
Quatro da manhã… acordo e não resisto a espreitar pela janela. Está um dia lindo, o sol já bem alto no horizonte! Durmo de novo mais reconfortado.
Toca o despertador, abro os olhos e a luz que entrava há umas horas pelo quarto, era agora mais tímida. Abro as cortinas e o dia apresenta-se cinzento. Um pouco tristes, tomamos o pequeno-almoço, carregamos as motas e no preciso momento que nos fazemos de novo à estrada começa a nevar!
Toca o despertador, abro os olhos e a luz que entrava há umas horas pelo quarto, era agora mais tímida. Abro as cortinas e o dia apresenta-se cinzento. Um pouco tristes, tomamos o pequeno-almoço, carregamos as motas e no preciso momento que nos fazemos de novo à estrada começa a nevar!
À saída do Hotel, nevava!
Como estávamos numa zona alta, à medida que fomos descendo a neve virou chuva, até que pouco depois o sol reapareceu. Aqui nesta zona começa-se também a notar a mudança de vegetação, os pinheiros e cedros são cada vez em menor quantidade e talvez por isso, começamos a avistar renas… às dezenas! Livremente, junto à estrada, a atravessar a estrada, pequenas, grandes, uma animação!
As primeiras renas fotografadas
Entretidos, começamos a contornar o Lago Inari, o terceiro maior lago da Finlandia, passamos em Ivalo, ultima cidade com aeroporto no norte do país, e pouco depois um desvio à esquerda e a primeira indicação: Nordkapp-343Kms! A fronteira também estava perto e lá paramos para o primeiro abastecimento de gasolina e de chá. Aqui cruzamo-nos pela primeira vez com um simpático casal de holandeses que levavam a mesma direcção que nós! Já entradotes, cada um a viajar na sua moto, um bonito exemplo.
A contornar o Lago Inari
Uma menina com traje típico a sair da missa em Ivalo
O destino
Aqui a vegetação começa a desaparecer
Os “amigos” holandeses
Paragem para chazinho
A entrada na Noruega foi feita por uma estrada de montanha que acompanha um rio, com paisagens lindíssimas, curvas e contra-curvas mas que trouxe de novo a chuva, às vezes misturada com neve.
A entrada na Noruega e a chuva de volta
Uma animação!
As tendas do povo Sami
Mais uns quilómetros valentes, olho para o Gps e pela primeiro vez vejo o destino no mostrador. Uma língua de azul acompanhava a estrada que nos guiaria até lá. Legenda em cima do azul: Mar de Barents!!! É difícil descrever as sensações que vamos sentindo nestes momentos: Eu, a Andreia e a Tixa e o João,a Carla e a GSA junto ao Mar de Barents! Meu Deus!
A belisima E69 e o Mar de Barents
Gente mais maluca do que nós!
Aqui tomamos a E69, única estrada para a Ilha Mageroya, onde se encontra o Nordkapp. Esta estrada é indescritível! De um lado o mar de Barents, do outro penhascos e vales sem ponta de vegetação, a tundra finalmente, centenas de renas e uma linha negra ziguezagueante a acompanhar todos estes caprichos da natureza! O famoso vento destas paragens também começava a fazer-se sentir nas zonas mais abertas, a temperatura baixava e a chuva voltava com força.
Honningsvag e os seus “estandais” para secar peixe
A passagem para a ilha Mageroya é feita por um túnel debaixo do mar de 8kms, que desce, desce até às profundezas e sobe, sobe, trazendo-nos de novo à terra. Tem portagem e não é barata! Mais uns minutos e estávamos á porta do Rica Hotel Honningsvag. Era cedo, umas 4 da tarde e nós precisávamos de um banho quente. Combinamos descansar um pouco, e pelas sete da tarde arrancaríamos para os 30kms que faltavam, para o Nordkapp! A ideia era jantar por lá, gozar aquilo, passar a meia-noite e regressar ao hotel. Com o céu carregado como estava, já há muito tínhamos percebido que não iríamos ver o sol da meia-noite! Pelo menos ali!
Chegada ao hotel
Assim, à hora marcada montamos as motas debaixo de uma chuvinha misturada com neve. A estrada, ao contrário do que eu pensava, não acompanha o mar, mas embrenha-se no pelo interior da ilha. Ora o interior é montanhoso e naquelas latitudes…
Começamos a subir, o vento era cada vez mais forte e a neve apareceu com força! Olhei para os cumes e já começavam a ficar pintados de branco! Com muito cuidado lá íamos lutando contra a intempérie mas chegou a altura em que até a estrada apareceu branca. Fiz uma análise mental ao que estava a acontecer e tomei a minha decisão. Parei e o João parou ao meu lado. Disse-lhe que achava aquilo uma loucura, que na minha opinião devíamos voltar para trás e tentar subir no dia seguinte, mas como sempre, a decisão seria para tomar em grupo. Se eles quisessem continuar, eu também o faria.
Começamos a subir, o vento era cada vez mais forte e a neve apareceu com força! Olhei para os cumes e já começavam a ficar pintados de branco! Com muito cuidado lá íamos lutando contra a intempérie mas chegou a altura em que até a estrada apareceu branca. Fiz uma análise mental ao que estava a acontecer e tomei a minha decisão. Parei e o João parou ao meu lado. Disse-lhe que achava aquilo uma loucura, que na minha opinião devíamos voltar para trás e tentar subir no dia seguinte, mas como sempre, a decisão seria para tomar em grupo. Se eles quisessem continuar, eu também o faria.
O trajecto em imagens
Estávamos a 15kms do Cabo Norte mas com todos de acordo, decidimos voltar para trás. Depois viemos a comprovar que foi a melhor decisão, mas é difícil de explicar o que senti quando dei a volta à moto e durante o regresso ao hotel. Um misto de desilusão, de frustração, de ansiedade, completamente desorientado e a fazer contas de cabeça já para o dia seguinte.
De regresso a Honningsvag, sem atingir o destino
No hotel, os quadros faziam troça de nós
Chegamos ao hotel e ninguém estava para grandes conversas. Fomos jantar e subimos aos quartos. Eu continuava a pensar naquilo tudo, mas o que mais me preocupava era se o temporal se instalasse ali durante uns dias. O que faríamos? Estávamos a 30 kms do Cabo Norte e se fechavam a estrada devido ao mau tempo? Ali tomei uma decisão. Eu vou lá, nem que tenha que aguardar aqui um par de dias que o tempo melhore. Nem que tenha que reformular todo o itinerário, todas as reservas, eu vim para ver a bola ferrugenta e não me vou embora sem o fazer. De hora em hora acordei para espreitar o tempo…
aquilo que eu aprendo aqui, pensava que SAARISELKA era na Filandia
ResponderEliminarObviamente que mereciamos melhor sorte, mas independentemente do que as pessoas possam achar da nossa decisão, foi a acertada.
ResponderEliminarComo te lembras, houve que la tivesse ido, e o resultado foi descer de autocarro que felizmente lá havia, e deixar as motos a dormir lá porque era muito complicado descer.. e a 7 000km de casa... minimizar os riscos é sempre uma escolha acertada!
Já está corrigido! Saariselka é mesmo na Finlândia! às vezes lá passa ;-D
ResponderEliminarEste dia, como tão bem foi aqui descrito, foi uma panóplia de emoções...Qd chegamos ao hotel, não nos deixamos abater pela queda de neve, mas aquela subida, no interior da montanha, em direcção ao Nordkapp não estava nada fácil, visto a temperatura ter descido a negativo...quanto mais subíamos, mais se acentuava o mau tempo...a opinião foi unânime e ponderada, a ida fazia-se bem, o problema era o regresso, como estaria aquela estrada sinuosa daqui a 5h?!?!...depois de alguns minutos de reflexão, a decisão de voltar para trás foi caracterizada pelo silêncio, associado à revolta com o S. Pedro, mas ainda bem que o fizemos, deixar as motas a 30Km de nós, era impensável!!!
ResponderEliminarConfesso que é "frustrante" voltar para trás quando se está tão perto mas essa foi MESMO a nossa melhor decisão.
ResponderEliminarAo jantar... no Hotel, claro!, o silêncio era uma constante até que, eu e a Andreia (matracas na hora de comer!) achámos por bem tranquilizar essencialmente o Filipe (que estava triste e pensativo) que... não sairíamos dali sem ir ao Cabo Norte! [Ainda propusemos ir lá de carro, alugar um, mas foi uma "ofensa"!!! :) Nós, na verdade queríamos ir de mota mas já que não estava a dar naquele momento propusemos alternativas.] WRONG!!! Para a próxima ficamos caladinhas... :)
Comemos, conversámos, delineámos os planos para o dia seguinte, fumámos o nosso cigarro da ordem e cama!!!
Amanhã era dia de atingir o Cabo Norte e ver a tal bola ferrugenta!!! :)
Olá aos 4 aventureiros.
ResponderEliminarEstão de parabéns.
Queria fazer uma pergunta, já que ando a planear fazer esta viagem, não de mota mas de carro, com a intenção de acamapar sempre ou ficar mesmo no carro.
Vi que se paga para passar no tunel, já agora é quanto?
Acham que é possivel fazer esta viagem de Inverno? Entre Março/Maio +ou-.
Abraço e boa continuação de novas aventuras.
Boas Tiago,
ResponderEliminarNão tenho bem a certeza, mas acho que andava à volta de 15/18€ (moto + 2Pax). Paga-se na ida e na volta por isso esse valor será a dobrar.
O Cabo Norte situa-se numa ilha logo a única alternativa será passar de barco, mas não sei o preço.
Em relação às datas li algures que a maioria das estradas a norte destes países só abrem a partir de 1 de Maio. Lá em cima há algumas que só a partir de 1 de Junho. Inclusivé no sul da Noruega, nas zonas montanhosas há vários portos de montanha que estão fechados até essas datas.