ROYE (F) - COPENHAGA (DK) - 1112KMS

30/MAIO/2010

Nova madrugada! Durante a noite tinha chovido bastante, mas aquela hora tínhamos tréguas.

Este dia poderia ser facilmente resumido assim: despertar em França, abastecer na Bélgica, passar na Holanda, cruzar a Alemanha e dormir na Dinamarca! Mas isso seria demasiado redutor… Há sempre histórias para contar!

Um dia “internacional”

Poucos quilómetros após abandonarmos o hotel, começou a chover certinho! E assim foi até aos arredores de Bruxelas. Aí “viramos à direita” em direcção ao país das tulipas e o tempo começou a melhorar e assim se manteve até à fronteira com a Alemanha e durante os primeiros quilómetros na terra das autobahns. Curiosa a sensação de conduzir sem limite de velocidade. Vamos tranquilamente a 180kms/h e passam alguns carros como balas!!!

Travessia da Bélgica


Já no país das tulipas

Paramos numa estação de serviço para almoçar que estava pejada de motos! Ainda tentamos perceber porquê, mas os alemães na sua maioria não são muito sociáveis. Mesmo assim, enquanto almoçávamos, “apanhamos” alguns à volta das nossas motas, a olhar para os autocolantes e a tentar perceber de onde viríamos e para onde iríamos!

As nossas 4 meninas após o almoço na Alemanha!

Nisto cai uma grande mas passageira bátega de água! Esperamos que passasse, e fizemo-nos à estrada! Passados poucos quilómetros começou a chover novamente, desta vez de uma forma quase diluviana. Para ajudar à festa as autobanhs desta zona estão TODAS em obras.

Nestas imagens pode-se ver bem o dilúvio que apanhamos na travessia germânica

Numa das paragens que fizemos, encontramos um simpático alemão montado numa Triumph, a quem eu resolvi perguntar a que se devia tamanho movimento de motas.

- “É fim-de-semana e as pessoas andam a passear”
Ao que eu indaguei: -“ Mas com esta chuva?”
Nova pronta resposta: -“ Aqui chove muito, por isso se gostas de andar de moto, não te podes preocupar com isso”.
Toma lá que já almoçaste! Quantas vezes deixei eu a moto na garagem SÓ porque ameaçava chover…

Um dos momentos mais divertido do dia: este sujeito, explicava insistentemente ao João como queria a foto, só que em ALEMÃO! E o João dizia-lhe, sim, sim, estou-te a perceber, mas vai mas é para lá e depois vemos se sai o que queres!

Mas nós neste dia tínhamos como objectivo chegar a Copenhaga, e também não desistiríamos. Até Puttgarden, onde apanhamos o ferrie para a Dinamarca, foi mais do mesmo. Eram 21h quando embarcamos e a travessia durou perto de uma hora. Aproveitamos para secar um bocado os equipamentos e descansar, mas ao contrário de toda a malta que ia no barco, não jantamos. Erro crasso! De Rodby até Copenhaga não encontramos um único restaurante aberto.

Desembarcamos e tomamos a direcção da capital dinamarquesa. A noite caía rapidamente, a chuva voltava com força, piso encharcado, muitos camiões e muito spray, visibilidade quase nula e restaurantes nem vê-los. Garanto que foram os mais duros quilómetros que alguma vez fiz de mota.

À saída do ferry já em território dinamarquês

Chegados à capital dinamarquesa, o Zumo rapidamente nos guiou até ao hotel Cab Inn Scandinavian. As meninas fizeram o check-in e subiram aos quartos em busca de água quente e nós ficamos a descarregar as motos. Nisto aparece a Carla, perdida de riso! Os quartos do hotel eram tipo cabines de barco. Pequeninos, com beliche, e uma casa de banho em que eu só cabia lá dentro se não fechasse a porta… quer dizer, fechava, mas ficava um bocado acanhado.

Pelo menos estava quentinho para secar as roupas. Para dar uma ideia, eu levava fato de Gore-Tex completo, luvas e botas do mesmo material e fato de chuva! As únicas coisas que não estavam encharcadas eram as meias!

O quarto tipo cabine transformado em estendal

Eu e o João ainda descemos depois do banho para tentar comer alguma coisa mas tivemos que nos contentar com umas barras de chocolate. Subi e antes de me deitar fiz um resumo mental do dia: 16 horas de viagem, 13 das quais em cima da moto, sempre a chover e as nossas queridas penduras nem um “ai”, bravas e rijas, sempre de sorriso nos lábios … estamos preparados para tudo o que vier! Dormi como uma pedra, talvez embalado pela “ondulação”!